"Acho muito interessante
essa época do ano, com todas essas luzes nas praças e edificações, musiquinhas
temáticas, Papai Noel de todos os tipos, pinheiros enfeitados e cartões de
crédito estourados. É um período bem interessante.
Até gosto de ver todas aquelas pessoas motivadas, o corre-corre
frenético em busca dos presentes de amigos quase secretos (já que a informação sempre
vaza ou alguém nos flagra comprando o bendito presente delator), shoppings e
salões de beleza lotados, famílias migrando em retorno à terra natal para
comemorar…
Dizem que é o tal “espírito natalino”.
O espírito que “enobrece”
os corações dos homens uma vez por ano. Que os motiva a pendurarem pisca-piscas
nas janelas e a doarem cestas básicas. Que nos faz desprezar o calor absurdo de
34°C e simular neve com espuma, ao mesmo tempo em que compramos presentes aos
montes.
A responsabilidade da
reconciliação dos amigos em discórdia nesta época do ano pesa sobre ele, que
também é o motivador da generosidade que presenteia desde o porteiro do prédio
à secretária maltratada o ano inteiro.
Esse tal aí me parece mais
uma “maquiagem” sazonal. Porque você sabe, tem maquiagem para a pele, mas acho
que o tal do espírito natalino é a maquiagem da consciência. Ele parece aliviar
o coração de quem errou o ano inteiro e não quer entrar em outro ano com
pendências no SERASA do céu. Pode faltar bondade em todos os outros 11 meses,
mas ficamos tanto mais generosos quanto se aproxime do 24° dia do derradeiro
mês do ano!
Temos uma tendência ao
tradicionalismo exacerbado, e costumeiramente a tradição é vazia de significado
– é uma mera repetição do que foi feito por gerações, e a geração da vez o faz
sem compreender e nem questionar.
Para falar a verdade,
percebo que a maioria das pessoas nem lembra que o Natal é a comemoração do
simbólico aniversário de Jesus Cristo, cuja data verídica é desconhecida. O
menino Jesus, neste contexto das comemorações natalinas, frequentemente está
muito tímido, representado em algum presépio, geralmente miniaturizado (isso
quando dá sorte de aparecer na festa). O destaque mesmo é dado para as
suntuosas árvores decoradas e o famoso Papai Noel (não o do céu, vale
ressaltar).
Daí resulta que, o que
deveria ser uma comemoração cristã do nascimento do salvador da humanidade,
tornou-se uma festa regada a álcool que mistura a exaltação de ícones
desprovidos de sentido, e dotados de muita, mas muita futilidade.
O tal “espírito natalino”
que atua um mês por ano, rouba a cena do Espírito que abençoa o ano todo – O
Espírito Santo! Este é o Espírito que deve nos mover, não importa qual
seja a data marcada no calendário.
Ele não vai nos estimular a
perdoar apenas uma vez por ano, mas 70 vezes 7 vezes , como ensinou o Mestre
Jesus – uma representação de atitude incansável que devemos ter ao fazê-lo.
Ele também não vai nos
inspirar a ajudar aos pobres com a mesma frequência com que pagamos o seguro do
carro, nem a tratar as pessoas como elas merecem e precisam por míseros 30 dias
ao ano. Ele deseja nos ensinar a andar deste modo, nos suprindo e equipando
para fazê-lo cotidianamente.
Dá uma tristeza pensar que
nem todo mundo se liga sequer que ele exista…
Entretanto, o que me conforta, no fim das contas, é que tudo tem
o seu lado bom. Nesse caso, um maravilhoso, por sinal. O momento é ideal para
rever amigos, família, confraternizar. Também é um excelente pretexto para
presentear quem se quer bem –quando
se precisa de um.
Tenho amigos que
simplesmente não precisam, e me orgulho deles, porque não são movidos por
espíritos tradicionalistas, mas pelo Espírito do Deus, que é generoso de
Janeiro a Janeiro, e que dá a todos liberalmente tanto os seus bens, quanto seu
amor, sua graça e misericórdia.
Que eu e você sejamos
movidos pelo Espírito certo, e seremos bem assim: “natalinos” o ano inteiro,
amando a todos, e compartilhando o que temos de melhor com quem nos cerca.
Tenha um FELIZ NATAL!"
Text original retirado de http://lucianahonorata.wordpress.com/2011/12/23/o-espirito-natalino/
Sem mais,
bjo
Rafinha